As premissas do voluntariado, no Brasil, têm origens históricas que determinam a forma na qual nossa população se engaja neste tipo de prática. Essas razões afetam diretamente o processo de Gestão de Voluntariado no Terceiro Setor e representam desafios enfrentados pelas organizações em dois âmbitos: na captação de voluntários e na gestão dessas pessoas, uma vez que estejam dentro da instituição. Este texto buscará explorar formas para que o primeiro fator citado, o de captação, seja mais efetivo.

Para isso, é necessário entender de que maneira os fatos históricos brasileiros influenciam no processo de motivação de participação voluntária, para que assim sejam usadas técnicas efetivas de captação de voluntários e a organização potencialize sua eficácia e eficiência e, consequentemente, seu impacto social.

O Brasil, em sua história, passou por processos que mudaram as características das práticas voluntárias ao passo que seus pressupostos e motivações foram sofrendo transformações. Até o século XX, o voluntariado brasileiro teve um caráter assistencialista e filantrópico, no qual as ações eram tomadas majoritariamente por figuras abastadas da sociedade. Por volta dos anos 50, em um contexto de ebulição de ideias e de articulações, surge um voluntariado combativo, acompanhado dos primeiros sindicatos e ONG’s. Já a partir da redemocratização e da Constituição de 1988, a atuação voluntária incorporou novas práticas que levam em conta uma maior consciência social, um voluntariado cidadão.

Hoje, o que ocorre na prática é uma coexistência entre as ideias assistencialistas, as de transformação social e as de cidadania. Levando isso em conta, de que maneira as organizações do Terceiro Setor podem captar seus voluntários?

O primeiro passo é refletir sobre as motivações da própria causa da organização e, além disso, pensar sobre o porquê de buscar pessoas voluntárias, quais são suas expectativas  sobre o trabalho dessas pessoas e sua visão sobre os voluntários. Esse último fator influencia diretamente na questão da Gestão de Voluntariado que se dará após a captação, “se a instituição vir o voluntariado como uma possibilidade de novos conhecimentos e aprendizagens, provavelmente contará com o comprometimento e lealdade dos voluntários” (LISE MARI NITSCHE ORTIZ, 2010).

Esse exercício possui extrema importância ao passo que, na maioria dos casos, o voluntariado além de retratar a imagem de uma instituição, também representa o contato direto entre serviço e público-alvo de uma ONG, por exemplo.

Após essas definições é possível pensar de maneira mais operacional a respeito da captação, abaixo encontra-se um plano geral e algumas dicas para que isso ocorra de fato:

  1. Formalização do papel dos voluntários – Definir funções e, se a organização possuir funcionários remunerados, fazer uma diferenciação clara.

  2. Definição do perfil do voluntário – Definir o perfil dos voluntários que a organização pretende captar, esse perfil deve ser formulado de acordo com as necessidades da instituição

  3. Criação de uma estratégia de ação – Elaborar o que será feito para que haja a captação, dentre algumas opções encontram-se reuniões, entrevistas e processos seletivos mais complexos.

  4. Elaboração de um Plano Comunicação – Produzir uma estratégia para que os objetivos do voluntariado fiquem claros para os candidatos. Uma boa comunicação garante o interesse de pessoas que realmente querem se engajar na causa da organização.

Por meio das reflexões apresentadas e das orientações elencadas, aumenta-se a probabilidade de um aumento na captação dos voluntários. No entanto, a partir do momento em que os voluntários ingressam, de fato, na organização, os desafios passam a ser outros. Manter um alto nível de motivação envolve uma gestão de voluntariado que nada mais é que uma gestão de pessoas, de maneira que se torna necessário conseguir a cooperação de voluntários por meio de envolvimento e investimento de tempo.

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